segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Número de médicos no Brasil cresce 530% em quatro décadas, mas ainda faltam médicos no interior

14/01/2012 20:54:02

Os médicos estão concentrados nas regiões sudeste e sul, principalmente nas capitais. Mas ainda faltam médicos no interior do Brasil.

Apesar do aumento no contingente de médicos, ainda faltam profissionais no interior do Brasil.Apesar do aumento no contingente de médicos, ainda faltam profissionais no interior do Brasil. (Foto: ThinkStock)
De acordo com a pesquisa sobre a Demografia Médica no Brasil, desenvolvida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), em outubro de 2011 havia quase 372 mil médicos em atividade no Brasil. De 1970 para cá o crescimento no contingente demédicos no país cresceu 530%, enquanto a população brasileira cresceu 105% nesse mesmo período.

Em 1980, havia 1,13 médico para cada grupo de 1.000 residentes no país. Essa razão sobe para 1,48, em 1990; para 1,71, no ano 2000; e atinge 1,89, em 2009. Em 2011, o índice chega a 1,95 médico por 1.000 habitantes, ou seja: no período, o aumento foi de 72,5%.

Uma das principais razões para o salto no número de médicos é a abertura desenfreada de escolas médicas.

Em 2009 havia, no Brasil, um total de 185 escolas médicas, com uma oferta de 16.876 vagas, de acordo com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).

Pode-se dizer que o primeiro aumento considerável no número de escolas médicas ocorreu no período militar. De 1960 a 1969 foram abertas 39 escolas médicas, 23 delas no Sudeste. Nessa época, a maioria dos cursos de medicina funcionavam em faculdades públicas.

O salto na abertura de escolas nos anos 1960 será responsável pelo crescimento exponencial que se verifica no número de médicos a partir da década de 1970.

Em 1996 acontece um novo aumento no número de cursos de medicina, sobretudo nas faculdades de caráter privado.

De 2000 a 2011, 77 escolas foram inauguradas, em sua maioria particulares. Nesse período, a população brasileira aumentou apenas 12,3%.

Dados de 2011 indicam que 45% dos cursos se concentram no Sudeste – os estados dessa região têm o maior número de médicos por habitante. Outras 20 escolas devem ser abertas até 2014, de acordo com o IPEMED, Instituto de Pesquisa e Ensino Médico.

Distribuição dos médicos nas regiões brasileiras:

Apesar do aumento vertiginoso no número de médicos no Brasil, sua distribuição ainda sofre desigualdades. Estatísticas mostram que o país tem 1,95 médico registrado para cada 1.000 habitantes, com diferenças regionais significativas.

A região sudeste é a que mais concentra médicos (2,61/ 1.000 habitantes), seguida da região sul (2,03 médicos por 1.000 hab.). Depois, aparece a região centro-oeste (1,99/1.000hab.), nordeste (1,19 médicos por 1.000 habitantes) e por último, a região norte, com menos de 1 médico a cada mil habitantes (0,98/1.000).

O Distrito Federal é a Unidade da Federação que mais concentra médicos (4,02/1.000hab). Em contrapartida, no Maranhão, há apenas 0,68 médico para 1.000 habitantes.

Outra constatação da pesquisa realizada é que os médicos buscam as capitais para trabalhar. No conjunto das capitais brasileiras, a razão de médicos registrados por 1.000 habitantes é de 4,22, contra 1,95 no país como um todo.

Três capitais - Vitória, Belo Horizonte e Florianópolis - chamam a atenção pela elevada proporção de médicos registrados por habitantes, especialmente quando se compara com os números dos seus próprios estados. Espírito Santo tem 2,11 médicos registrados por 1.000, enquanto a capital Vitória conta com 10,41. Santa Catarina tem 1,89 médico por 1.000 habitantes, enquanto a capital Florianópolis tem 6,44. Em Minas Gerais há 1,97 médico por 1.000 habitantes, contra 6,29 na capital.

Concluindo, os estados do norte, nordeste e centro-oeste contam com a metade dos médicos que estão concentrados no Sul e no Sudeste. Os cidadãos que moram no interior dos estados contam, em média, com duas vezes menos médicos do que aqueles que vivem nas capitais.

Torna-se necessário criar políticas e programas que visem diminuir as desigualdades na distribuição de médicos no Brasil, buscando melhorar o acesso da população aos serviços de saúde.

Além disso, as ações realizadas pelo Ministério da Educação (MEC) são fundamentais, no sentido de limitar o número de vagas nos cursos de graduação em Medicina com baixa qualidade. O processo de mercantilização do ensino prejudica a qualidade dos cursos e do ensino médico, colocando em risco a saúde pública como um todo.
Fonte: Instituto Salus

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