sexta-feira, 4 de março de 2016

Engenheiro é 1º lugar em medicina na USP: 'Quero cuidar dos meus pais'

  • Diego Ohara Silva com seus pais
    Diego Ohara Silva com seus pais
O primeiro colocado em medicina na USP (Universidade de São Paulo) tem uma trajetória incomum: ele foi a apenas algumas aulas do cursinho (elegeu as matérias em que tinha mais dificuldade), trabalhou enquanto estudava para o vestibular (ele dá aulas particulares de matemática e física) e já fez ensino superior (é formado em engenharia civil, também pela USP).
"Engenharia civil é um curso muito legal, mas acabei não optando por trabalhar nessa área porque achei estressante, não gera um bem social. Quero ajudar as pessoas de fato", diz Diego Ohara Silva, que concluiu o ensino médio em escola pública.
"Eu penso em cuidar dos meus pais. Na minha família não tem nenhum médico", comenta.

Escola técnica e cursinhos

Após o ensino médio na rede pública, ele, que não tinha condições de pagar uma faculdade particular, seguiu a dica de uma professora e ingressou no ensino técnico. Ao mesmo em que estudava em uma escola técnica em administração em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, ele se dedicou ao cursinho e conseguiu entrar na Escola Politécnica da USP, a Poli, uma das mais renomadas faculdades de engenharia do país.
"Muitas escolas públicas são fracas. Tem algumas que são modelo e estão entre as mais bem colocadas do Enem por Escola. As minhas foram sempre de bairro. O professor não tem nem perspectiva de falar da existência da universidade pública", avalia. 
Foi na época da faculdade que Diego começou a dar aulas particulares de reforço de matemática e física, atividade que exerce até hoje.
Para se dedicar aos planos de fazer medicina, ele precisou manter as aulas como professor ao mesmo tempo que fazia cursinho (Poliedro).
"Acabava selecionando algumas aulas que eu queria assistir. Cada semana era uma logística", explica.

Estudos

O jeito era aproveitar todo e qualquer tempo livre: "Deixei de sair para aniversário de amigo porque tinha que manter um horário para estudar", lembra. E usar o tempo precioso com as disciplinas em que tinha dificuldade: "Não fiquei estudando muito física, por exemplo. Focava nas matérias mais difíceis para mim, que são português, biologia e geografia".
"O importante é você saber o seu defeito e atuar nele", aconselha o rapaz.
Para ele, um dos trunfos da boa colocação foi conhecer modelo de prova da Fuvest. "Fui bem direcionado, sabia o que eles pedem mais. É essencial conhecer o estilo da prova", afirma.
Outra dica: "Você pode ser o melhor aluno, mas, se você não sabe quanto tempo pode perder em cada questão, complica."

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