quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Colégio é acusado de aplicar questões do Enem antes da prova

Ministério Público pedirá anulação do Enem 2011. Escola afirma que tinha questões em um banco de itens próprio
Daniel Aderaldo, iG Ceará 26/10/2011 10:57 - Atualizada às 17:58
O colégio e cursinho pré-vestibular Christus, um dos principais grupos educacionais do Ceará,  distribuiu aos seus alunos apostilascom questões idênticas ou muito parecidas com as do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) uma semana antes das provas. Elas foram extraídas do pré-teste de 2010, que foi aplicado exatamente para criar um banco de questões futuras e não deveria ser público.
Em nota divulgada na tarde desta quarta-feira, o Christus afirmou ter um "vasto banco de dados" e que existe a possibilidade das questões caírem em "domínio público antes da realização oficial do exame", devido aos pré-testes realizados pelo Ministério da Educação (MEC).
Em entrevista ao iG, o diretor Davi Rocha disse que alunos do então 3º ano do ensino médio no colégio participaram de um pré-teste de questões do Enem em outubro de 2010. Ele supõe que as questões que agora foram usadas no exame tenham chegado ao banco do colégio por meio desses estudantes.
O Ministério Público do Ceará irá encaminhar uma recomendação ao Ministério da Educação (MEC) de anulação do Enem 2011. Após ser procurado na terça-feira (25) por candidatos do exame, o procurador da República Oscar Costa Filho constatou irregularidade ao analisar o material e encontrar 13 questões idênticas às aplicadas no Enem. As questões com conteúdo antecipado, segundo o MPF, foram as seguintes: no 1º dia, prova amarela, nº 87, 46, 50, 74, 57, 34, 33, 32 e 2º dia, prova amarela, 113, 180, 141, 173 e 154.
Para o procurador da República Oscar Costa Filho, o problema de vazamento de provas se repete assim como nos anos anteriores. "É necessário que se imponha, de uma vez, a constitucionalidade no Enem, que significa o direito de recorrer em caso dos candidatos se sentirem prejudicados", explica o procurador em nota.
Foto: ReproduçãoAmpliar
Colégio Christus teve nota alta no Enem 2010 (reprodução do site)
O MEC declarou que está monitorando as referências ao Enem nas redes sociais desde a realização do exame e, assim que apareceram as denúncias envolvendo o colégio Christus, revisou todas as medidas de segurança e não encontrou nenhum registro de que a prova tenha sido violada. No entanto, nesta quarta-feira, em função da grande repercussão do caso, acionou a Polícia Federal para investigar a origem e a procedência das informações.

Se confirmado o vazamento da prova, o governo estuda excluir os 639 alunos do colégio Christus do exame e oferecer a eles a possibilidade de refazerem o Enem nos dias 28 e 29 de novembro, quando será aplicado nos presídios. O MEC ainda informou que, se a escola tem mesmo responsabilidade na antecipação das questões, o diretor poderá ser responsabilizado civil e criminalmente.
Segundo o iG apurou, alunos de outra grande escola de Fortaleza, a Farias Brito, souberam por meio de colegas do Christus sobre o suposto favorecimento e começaram a divulgar o assunto nas redes sociais. Jorge Cruz, diretor de uma das unidades do Colégio Farias Brito, disse que a instituição não tem relação com a denúncia. Segundo ele, a maioria de seus alunos que fizeram o exame estava satisfeita com o resultado que obteve. Mas os estudantes ficaram indignados quando souberam do suposto vazamento. "A gente viu isso por meio das redes socias. Nossos alunos se sentiram prejudicados, apesar de a maioria ter se saído muito bem. Não queríamos que a anulação", disse Cruz.
Em sua página na internet, o colégio Christus comemora ter obtido a nota mais alta no Enem 2010, considerando todas as sedes.
Veja imagens de questões da suposta apostila distribuída aos alunos e da prova do Enem (azul):

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