quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Filho de lavradores termina curso de Medicina no Piauí

Ao longo do curso, a família de Luciano Carlos chegou custear seus livros com o dinheiro que seria destinado a comprar comida




Em 2009, um filho de lavradores da pequena cidade de Valença, com pouco mais de 20 mil habitantes, ganhou notoriedade por ser aprovado no curso de Medicina na Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Procurada por jornais locais, a mãe de Luciano Carlos, chegou a dizer que já havia deixado de comprar comida para comprar livros para o filho. Agora, o jovem estudante da zona rural volta aos holofotes para celebrar a vitória de concluir o curso. Ele faz parte da 34ª turma formada pela UEPI.




“É uma grande emoção para mim. Tenho um neto médico”, afirmou a avó de Luciano à emissora local Meio Norte. O jovem afirma que todos os anos de luta valeram muito a pena, apesar da distância da família e das dificuldades enfrentadas. Luciano relata que já escolheu sua especialização: a primeira opção seria otorrinolaringologia e a segunda, cardiologia.

"Às vezes, até quem tem muito poder aquisitivo não chega a isso e nós, eu, meu filho, os irmãos e a mãe, conseguimos um grande êxito desse do nada, só com a coragem. Eu fiquei muito orgulhoso, mas, não é um orgulho besta, é um orgulho de satisfação", declarou o pai de Luciano.

Aluno de MT aprovado para medicina na Unirio vende pizza para passagem

Com determinação e força de vontade, Hermínio Augusto de Souza, de 20 anos, estudante de uma escola pública de Cuiabá, foi aprovado para medicina na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Para custear a passagem, o jovem, que mora em uma casa simples e inacabada no Bairro Pedregal, está vendendo pizzas.
Hermínio fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano passado, pela terceira vez, e já tinha a intenção de cursar medicina. Obteve 724 pontos no exame. Nas outras duas vezes não conseguiu pontuação suficiente para cursar medicina.
Ele conheceu o Rio de Janeiro no mês passado quando foi fazer a matrícula.
Ele será bolsista do governo federal, mas ele ainda não sabe quando vai começar a receber a bolsa. As aulas estão previstas para começar no dia 23 de agosto e ele ainda não comprou a passagem de ida. Mas, com a venda das pizzas, já conseguiu juntar R$ 700. Cada pizza é vendida a R$ 16 e já vendeu quase 100.


"Vou sentir saudades, mas acredito que estarei fazendo a coisa certa, que é o melhor para mim", declarou.
"Estudei a vida toda na escola pública e o ensino médio no Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT)", declarou. Ele não fez cursinho prepatório por falta de condições de pagar e estudava sozinho na biblioteca publica do bairro onde mora.
A mãe dele, a dona de casa Benedita de Souza se diz orgulhosa do filho, que cresceu em um bairro da capital que é conhecido pelo alto indíce de violência.
"É um bairro conhecido pela violência e sai um candidato a médico. Sempre ensinamos o caminho certo a seguir. É uma flor no meio das pedras", afirma a mãe.
Hermínio estudou na Escola Municipal Professor Orlando Nigro e ele disse que sempre viu a escola como segunda casa, tanto que os professores da escola estão o ajudando na venda das pizzas para arrecadar dinheiro para a viagem.
"Se alguém quiser vir aqui [na escola] para comprar a pizza dele, que serão entregues na quinta-feira (11) e ele vai estar aqui. Esse esforço dele é muito importante", explicou a diretora Edna Lucia Nascimento.
O ex-professor dele Donizete Louzada conta que ele era um aluno aplicado. "Esse aluno é um exemplo de que fazia tudo que a gente pedia, as atividades, as tarefas, tirava boas notas, não precisava chamar a atenção", disse.